quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Um mundo suspenso na busca do Real




"A educação que a minha geração recebeu não reflete a realidade. De repente, ao entrarmos na década dos trinta, farei quarenta anos em novembro, começamos a perceber essa discrepância entre o que nos ensinaram e a verdade. Percebemos que estamos vivendo na irrealidade, que o mundo no qual temos vivido não é verdade. A história ensinada na sala de aula estava muito desconectada da própria história. Portanto, esta foi uma motivação. A outra foi o fato de que, em geral, na China de hoje, as pessoas relutam em olhar pra trás. Parece-me que, se você não olhar para trás, para sua história, não poderá observar claramente o caminho que deve ser seguido no futuro. As pessoas pensam à frente apenas sobre aquilo que querem para amanhã. O ontem é irrelevante e o hoje se torna irrelevante rapidamente. Se esse tipo de pensamento persiste, é muito problemático. Aquele tipo de vida parece suspenso no espaço vazio, isolado em uma espécie de ilusão, sem qualquer fundamentação. Isso cria em mim uma sensação desagradável, um desconforto psicológico que é difícil descrever"

Wang Bing
Cineasta Indie, tem apreço pela observação silenciosa, com enquadramento meticuloso. Tão próximo ao real, coloca-o em suspenso. A busca por um verdade histórica ou por uma história não contada oficialmente, expurga suas intenções narrativas em intenções políticas e eleva seu cinema a condição de obra de arte.
Wang Bing faz parte da família do "Fazemos cinema para nos aproximar da vida".

Deixo um beijo aqui para Béla Taar, impossível falar de um Cinema que se aproxima mais da vida do que do cinema, e não cita-ló.



Gabriella,