segunda-feira, 27 de julho de 2015

Carta de uma atriz para sua Persona




Me sinto assustada, tenho medo; recuo. Algo me prende. Eu sei que esse algo, pode me soltar e me fazer saltar e voar para aqueles lugares que em meu sonho aparecem ser tão altos e tão próximos. Sinto que tenho tudo, e que é muito simples, mas meu elo com minhas aspirações me fazem parecer tudo dificultado. Irei silenciar-me e sentarei no pé de uma montanha e respirarei profundamente agradecendo a mim mesma, por viver o meu sonho. Sentirei meu corpo leve e desfrutarei de momentos...é tão simples. Tão prazeroso, e ao mesmo tempo tão comprometedor. Sinto que cada persona que se renova em mim, ela vem com mais pesar, mais responsabilidade, mais densidade em minha vida, e eu sei que isso atrapalha o meu caminhar sereno. Tenho consciência, mas cada vez mais a mais madura e comprometida mulher em mim floresce. Meu encontro com elas, está cada vez mais selado em minhas escritas. Reorganizo-as com minhas palavras pensadas e ditas pelas pontas dos meus dedos. Esse momento, é tao lindo, tão profundo. Nosso encontro! Sinto ela, sinto ela vir, sinto minha mente e meus problema se distanciarem e ficarem pequenos. E esse momento chega a ser tão único. Sinto-me sentada na frente dela e ela sorri para mim. Consigo enxergar ela agora, tão linda, tão serena, tão mulher e ao mesmo tempo um cristal, que pode quebrar a qualquer momento. Agora sinto minhas lágrimas correrem e uma compaixão por ela, é evidente que ela exista, ela é real. Tão bom senti-lá em minhas lágrimas. Um vazio toma conta e uma falta de pensamento ocupa todo o ambiente ficando apenas a música que de alguma forma me liga a ela, quem canta é uma mulher com uma voz pertinente e ao mesmo tempo leve como uma folha caindo no chão. A melodia me lembra a voz dela, a minha voz, a melodia me lembra uma força que quero ter, como atriz e como ela, e como eu. Não existe ela e eu, somos a mesma, mas separas por uma circunstância. Tenho que me observar, colocando-me em terceira pessoa, ao meu ver, consigo enxerga-lá e me enxergar melhor.
Agora entro em um papo cabeça, um papo cabeça mais coração. Entendo o que ela está passando, mesmo ela não conseguindo enxergar. Sinto, com muita dor no coração, que estou passando pela mesma situação. Isso nos une, isso juntas as duas que estão em mim na mesma circunstância, mas aquela que está no papel, ainda, não tem procedência dos fatos, ao passo aquela que está em meu corpo sabe seu destino e me pergunto é o meu também? Hoje, estou mais leve para falar sobre isso, estou cansada de andar com a angústia da indecisão de ser amada. Nos apaixonamos, eu e ela eu, estamos no mesmo metro quadrado. Quero levar isso de alguma forma para a vivência dela/ minha, pois isso, assim como ela, é real.


obs: e ele não me escreve, não demonstra um carinho e parece indiferente em como meu dia procede. Ausência dele, a dúvida do sentimento correspondido, um pequeno rancor por gostar dele, por estar envolvida com ele. Uma quase graça, por ele ser tão distante do que sempre imaginei para mim e tão tudo o que eu imaginei para mim. Compartilho isso com Letícia, que ri de mim e me responde "entendo perfeitamente".