terça-feira, 30 de junho de 2015

Sinfonia agridoce da vida





Preciso ouvir alguns sons que identifiquem aonde está a dor em mim
Sem mudanças eu posso mudar,
Eu posso mudar,
Mas levarei você no olhar.

Você está comigo de alguma forma,
Há tantas pessoas que conhecemos ao longo de nossa vida,
Mas certas pessoas vieram para ficar,
E eu não vou mudar.

Você sabe!
Temos nosso segredo
e ele só pertence a mim e a você.
Every me
every you.


Lovers.



Para: My little brother.
De: M.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Uma história platônica






Um dia fiz teste de personalidade e no teste o resultado deu que eu seria "romântica". Dei risada por dentro, eu não sou o tipo de pessoa que poderia ser considerada romântica. Nunca escrevi uma carta de amor, nem fiz loucuras por alguém ou liguei de madrugada para dizer que amo, ou escrevi bilhetinhos amorosos e colei na geladeira. Não desenhava coração no caderno e escrevia o nome da pessoa no meio do coração. Definitivamente, não fui uma pessoa romântica. Filmes de romances não são os meus favoritos, casais velhinhos na rua não me emocionam, e não sei qual é a sensação de dizer a alguém "Te amo". Costumo, eu e minha geração, dizer que expressões de amor são o dialeto 'mimimi' no qual eu também não possuo em meu diploma, essa linguagem. Tenho um conceito que pessoas românticas vivem no mundo em função quem está do lado, respiram o ar da pessoa ao lado, se apoiam nela como se fosse sua única opção momentânea de vida. A bem da verdade, quando vejo pessoas assim tenho um certo tipo de nojo. Nojo seria uma mistura de asco com algo que seria enviável eu concordar.
Papo cabeça? Talvez nasci com papos cabeças, lembro de ser criança e de escutar a conversa dos meus pais e daquilo me causar tanto interesse a ponto de esquecer dos meus brinquedos. Lembro de quando descobri que meu avô estava doente, meus primos brincavam no meio daquela notícia, quando meus pais e meus tios entraram com meu vô, não consegui mais brincar. Me escondi para ouvir o que estava acontecendo. Medo? preocupação? Não! Era curiosidade por um mundo onde as crianças não tinham permissão de entrar.
Quando minha mãe contou que meu pai também estava com a mesma doença, da qual meu avô morreu, não consegui chorar, não sentia vontade na verdade. Compreendia que era necessário que meu pai passasse pelo que meu vô passou, mesmo desconhecendo o motivo. Sentia isso, lá no fundo do meu coração. Então resolvi eliminar o que me deixaria sofrer ao vê-lo partir aos poucos (sim! eu sabia que ele ia morrer, todos nós vamos, mas a passagem dele estava mais próxima). Sentia que precisava me desligar dele, para nossa despedida ser menos difícil para ambos. Nossos passeios familiares passaram a ser Hospitais, eu ia mas ao mesmo tempo não estava lá. Não abraçava mais meu pai, não perguntava como ele estava e nem contava sobre minhas coisas. Ele pode ter sentido essa distância entre nós que a doença dele trouxe, mas na época começou a piorar tanto que já não falava mais, então não pedia para me ter por perto. Foi uma fase bem confusa e estranha até ele ir de vez. Não via a hora de ele ir, aquele cheiro de hospital tirava meu oxigênio.
Depois de ler tudo isso, você imagina que eu e meu pai éramos quase estranho um para o outro né? A verdade é que fomos nos tornando estranhos cada passo que a doença dele avançava, e acho que meu pai entendeu e preferiu assim também. Ele jamais teria coragem de se despedir de mim. Como falar do meu pai? como falar da pessoa que mais amei em toda minha vida? Da única pessoa que confiei na vida? Sou grata pela minha atitude de ter ausentado ele da minha vida até não vê-lo mais. Porque a lembrança que tenho dele, diferente da minha mãe que sempre lembra que apesar de lindo ele estava muito debilitado, para mim as cenas que lembro são quando ele fazia sucrilhos com leite antes de me levar na escola. Dele ouvindo música comigo no carro, ele deitado comigo no jardim me dando aula de astrologia, dele me levando para conhecer onde ele tocava com a banda antes dele começar a produzir música, dele tocando violão para mim, dele brincando de boneca comigo deitado na cama, dele me contando história de terror, deu olhando para ele e pensando 'como ele é bonito! por que eu tinha que nascer como filha dele?'. Certamente, jamais conhecerei um homem como ele. Acho que éramos almas-gêmeas, ele é o que eu sempre quis. E claro que o Céu exigia a presença dele lá.
Minha jornada com ele durou apenas até meus 11 anos. Quando ele foi embora eu estava com 12 anos e dois meses. Nunca mais o vi desde então. Fecho os olhos e a recordação que eu tenho é do seu sorriso, é tão nítida a imagem dele, penso que quase é verdade e ele está olhando para mim e rindo.
Escrevi que a pessoa que mais amei na vida foi ele, mas infelizmente não foi. Ele é a pessoa que deveria ocupar 100% o meu coração. Mas agora vou explicar o resultado do meu teste de personalidade "romântica". Sempre amei ler, as histórias conseguem me levar para lugares que fisicamente eu não iria de jeito nenhum. Gosto de um mundo inalcançável, um lugar inacessível. Amo me aventurar por lugares que nunca estive. Por isso li todas as Sagas fictícias, e todos os personagens desconhecidos humanamente me inspiram. Em uma das minhas muitas viagens pela mitologia grega, conheci a "República de Platão". Não só conheci como me vi naquela caverna. Sou eu! Entendi o que aqueles homens criavam naquelas sombras. Afinal as sombras são os lugares que não chegaríamos de nenhuma forma, nem de avião, navio ou foguete. Elas encontram-se dentro de nós mesmos. Alimentei com minhas leituras inocentes de histórias, o que seria uma realidade quase física. Amor platônico me enfeitiçou! Me envenenou? talvez. Veneno ou não, esse tipo de amor está em minhas artérias que levam ao coração. Tive muitas amores platônicos em meus 16 anos e meio de vida. Caras que amei, que somente os via pelos seriados na Tv, personagens de literatura que vinham me visitar de noite. Cantores que compunham aquela música para mim e um amor na escola que não cheguei a ouvir a voz dele, mas que até hoje habita meu coração. Mas teve um, considerado o mais reforçado Amor Platônico da minha vida. Alimentei essa sombra há 16 anos. Hoje não alimento mais, pois ela já criou vida própria. Como essa sombra surgiu pela primeira vez?
Fechos os olhos (sempre procuro fechar os olhos para enxergar o que está dentro de mim), e quase sinto o cheiro do seu leite, seu colo aconchegante, seu cabelo encostando na minha cabeça. Me fazia dormir e eu ficava quietinha olhando para ela. Foi amor a primeira vista. A primeira pessoa que vi na vida logo que nasci foi ela. Depois quando crescia gostava de olhar a figura da Vênus, parecia tão ela. Quando ela me dava banho, sentia a mão dela nos meus cabelos e queria que aquilo durasse para sempre. Toda sexta-feira eu ficava no quarto dela, vendo ela fazer a maquiagem com uma latinha de cerveja na mão ou na comoda. Deixava meus cabelos crescerem para serem iguais os dela. Mas sempre fomos tão diferentes. Com quatro anos, minha avó me contou, que me levaram em um médium espirita porque eu chorava demais para dormir. Me recordo do meu quarto e não conseguir dormir. Eu queria ela do lado. Ela falou que me criou para o mundo e que eramos amigas. Mas agora vejo o quanto eu queria ela como mãe. Sonhava com ela, em meus sonhos ela ainda me carregava no colo e me colocava para dormir, mas também dormia ao meu lado. Quando eu abria os olhos ela estava ainda lá, olhando para mim, com os olhos sorrindo. Então, eu acordava de verdade e ela não estava lá. Nunca esteve. Onde ela estava? Por onde ela está? Durante a minha infância chorava a procura dela, era uma criança chorona e triste, carregava um ursinho para cima e para baixo e quando as pessoas me perguntavam o que ursinho fazia de especial eu falava "ele têm orelhas grandes e os olhos tristes". As vezes eu fazia birra para não ir para escola, só para ela me carregar na escola e eu abraça-la. Sentir o seu cheiro era tão bom, tão confortante, tão ela. Mas logo vinham as broncas, as palmadas e os castigos. Ficar no quarto sozinha trancada era o castigo mais dolorido e mais confortante com o passar do tempo. Comecei a acostumar com aquela cama vazia. Fui mudando minha forma de chamar por ela, não chorava mais e nem fazia birra, inventava dor de barriga para ir não ir para escola, sentia inveja quando via as mães levando seus filhos e os beijando. Não queria ver isso nunca mais! Inventei que na escola me maltratavam e os meus colegas não gostavam de mim, e então as coisas só pioraram. Ela descobriu que era mentira minha e me obrigou a ir para a escola e ainda fiquei com fama de mentirosas para os professores e de estranha para as crianças. Isso me deixou muito triste, mas não foi pior do que ver o desprezo dela pelo meu problema. Que na minha cabeça era tão real quanto fisicamente. Depois que papai ficou doente, minha amiga passou a ser colega, deixou de usar maquiagem e de tomar sua cerveja na sexta. Seu rosto ganhou uma outra cor e sua voz uma entonação imponente. Era mais difícil alcança-lá! Era quase impossível! Meu platônico amor chorava dentro de mim, quando isso mudará? Depois que papai foi embora, pensei que seria a oportunidade, seríamos só eu e ela. Iríamos ficar sozinhas pela primeira vez, isso me animava, mesmo não tendo mais meu super pai ao lado. Sentia que minha missão na terra era faze-lá me amar. Com o tempo a ausência de papai em casa só afastou mais ela da minha vida. Ela sumiu de vez, me deixava na escola, no inglês e ia trabalhar. Quando ela voltava ia no quarto chorar. Chorava tanto, eu escutava. Queria poder ter abraçado ela e ter falado "Eu to aqui! Eu! Eu sou a pessoa que mais te ama na vida" mas não tinha intimidade com ela. Não saberia como abraça-lá, não saberia como dizer. Nunca fui de palavras, sou péssima. Aprendi a falar tarde, porque tinha preguiça de falar, meu pai contava. Mas sou boa com o papel e a caneta na mão, por isso para compensar aprendi a escrever com 5 anos. Um dia a diretora da escola chamou meus pais "Estou preocupada com essa menina! Ela não fala, nas chamadas orais fala que não sabe, mas nas provas suas notas são as melhores da classe" e a escola sugeriu uma fono. A vida seria melhor se fossemos que nem desenho em quadrinhos e tivéssemos nossos próprios balõezinhos a preencher. Mas a vida não tem balões.
Hoje com 16 anos e meio, me sinto completamente distante do meu amor platônico. Recordando penso que deveria ter tentado, mas não sei como. Não conheço ela, não saberia que assunto puxar ou o que conversar. Com a partida do meu pai, nos enterramos em nossos quartos e em nossas mentes e nos espiávamos sem ser notadas uma pela a outra. Ou será que só eu a espionava? A verdade é que a espiono desde que nasci. Desde que abri os olhos pela primeira vez. Admiro ela e a contemplo como a Vênus com Sandro Botticelli. Saber que nunca vou tê-lá é uma dor que não poderei suportar. Saber que se eu sair da Caverna, posso descobrir que ela não é Minha Vênus é uma dor que não cabe no suporte do meu coração. Sinto que preciso ir para onde eu encontre alguém que me ame como eu amo ela. E eu sei onde essa pessoa está.
Só há uma pessoa que poderia me mostrar que vale apena continuar, se essa pessoa (é um sonho acontecer mas pode ser possível) aparecer será minha última esperança. Será como uma água no deserto com uma mensagem " No final, tudo valeu apena". Caso não, venho por meio desta dizer que estou indo viajar para um lugar onde eu encontre Amor, mas desta vez não mais com Platão.


Sua Alice.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Encontro de Atriz com o Personagem

Hoje eu me despeço!

vou fazer algo que há um tempo tenho pensado como seria se eu fizesse. Meus pensamentos são egoístas e penso na repercussão desse meu ato. Olho para um lugar alto e me vem uma pontadinha leve de vontade. Estou perto dos trilhos do metrô e me vem na cabeça uma cena que poderia ser possível em um impulso a mais de atitude. Mas só tenha uma chance e isso faz com que meu pé não saia do chão. Essa vontade me vem acompanhando a alguns meses. Confesso que veio com o passar de "nãos" levados, com os objetivos não alcançados e com as expectativas frustradas. Quando algo me deixa triste, a ponto de passar quase como uma agulha em meu coração, vou na janela. Moro no décima quintar andar e me vejo escrevendo uma carta de despedida. Amanhã eu tenho a oportunidade! Graças a mais uma vida que dou margem à interpretação eu me simulo e visito esse lugar por segundos desejados.
Com outro corpo, outra família, outra idade eu me atiro com a desculpa de não ser eu a cometer o ato delito. Mas sou! Apenas peço emprestado outro nome, que poderia ser o meu, ao mesmo tempo me pertence tanto quanto meu sangue.
O que deixo são exatamente, como Eu Alice deixará, Amores Platônicos.


Me escondo, nomeando-os personagens, todos pertencem aos meus muitos nomes homônimos. Sou eu. Sou Alice. Me despeço hoje e me tranquilo porque a Gabriella terá outra chance. E ela?



Quero ela comigo para sempre.


G.

O voo de Ismália






"Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar..

E, no desvario seu
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..."


Alphonsus Guimarães


Sua Alice,

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Carta para Minha Vênus






Com meus pés no ar e a cabeça no chão
Experimentei este truque e girei, (sim) sim
Minha cabeça entrou em colapso; percebo que eu não tinha nada dentro
E me pergunto
"Cadê minha alma? "

Ela tá, onde Você não consegue enxergar.
Lá longe na imensidão da água em um oceano,
nadando.
Eu me vejo e a vejo;
Sim! ela estava nadando.
Onde os animais ficam escondidos atrás das pedras
protegidos pela Mãe Cadeia Alimentar.
Exceto os peixinhos.

Um dia eu desperto e entendo. Se no dia seguinte eu não estiver mais nesse quarto, as luzes vão continuar Brilhando.
O sol esquentando,
a brisa refrescando,
a aguá limpando,
as pessoas andando,
o relógio titubeando,
o farol piscando,
a buzina tocando,
os mercados funcionando,
a porta encostando
e nela Você
Entrando
Chegando
Sentando
se Arrumando e
Respirando.
E Amando?
Você sentirá falta do Amando?



Vivo dentro, em um oceano de peixinhos;


Peixinhos nadam sozinhos.

Sua Alice.


Remente: Sua.